Não Despreze a Casca do Ovo
- Sabrina Wertzner
- 18 de jan. de 2017
- 3 min de leitura

Apesar de parecer, a suplementação da alimentação com a casca de ovo não é uma coisa nova.
Dra. Clara Terko Takaki Brandão, médica, montou o primeiro Centro de Educação e Recuperação Nutricional em 1972, no Tocantins. Em 1975, em Santarém, as crianças desnutridas afetadas pela seca a motivaram a pesquisar preparações alimentares regionais fortificadas. Assim, criou a Multimistura: uma preparação única, com muita variedade e enriquecida com um concentrado de minerais e vitaminas.
Em apenas quatro meses de utilização, foi constatado que, com a utilização da Multimistura, as crianças recuperavam-se da desnutrição.
Desde então, esta preparação tem estado em todos os estados brasileiros e em mais 15 países da América Latina, África e Ásia.
"Composição da Multimistura: 70% de farelo tostado, 10% de pó de folhas verde-escuras, 10% de pó de sementes e 10% de pó de casca de ovo."
Presente na fórmula, está a casca do ovo.
O cálcio, presente em leite e derivados, também se encontra em abundância na casca do ovo – uma fonte de baixo custo, insípido, sem calorias e que não afeta os indivíduos com restrição à lactose.
É um mineral de extrema importância no nosso organismo, especialmente para a mineralização óssea, sendo que a necessidade deste mineral é diferente nos vários períodos da vida.
Dados indicam que sua ingestão é inadequada em diversos países, atingindo apenas 50% das necessidades diárias. Não apenas, a ingestão de outros compostos, como os fitatos e proteínas, reduz sua biodisponibilidade.

Então por que desprezar uma fonte tão rica como a casca de ovo?
A casca do ovo, após preparada adequadamente para eliminar riscos microbiológicos, pode ser adicionada à qualquer preparação –
especialmente para as populações de maior risco como crianças e idosos.
Então vamos adotar essa prática! Reduzir nosso lixo produzido e adequar o consumo às nossas necessidades.
Anote a receita retirada do site da Dra. Claudia Brandão:
Lave bem as cascas dos ovos e depois amasse-as. Ferva-as por 20 minutos e lave bem para retirar a espuma branca. Deixe de molho por 30 minutos em 1 litro de água com uma colher de sopa de hipoclorito ou água sanitária. Seque ao sol ou ao forno. Liquidifique ou amasse com um pilão. É bom passar em uma peneira ou pano fino para ficar como talco.
Nota: usar máscara para impedir a contaminação e a aspiração do pó.
Para aumentar sua biodisponibilidade, você pode deixar ”curtir” no vinagre por algumas horas, antes de usar.
Acrescente à sopas, mingaus, farofa, paçoca, bolo ou qualquer outro alimento que desejar.
BRANDÃO, Clara. Multimistura. Disponível em: <http://multimistura.org.br/index.php>. Acesso em: 18 jan. 2017.
NAVES, Maria Margareth Veloso et al. Fortificação de alimentos com o pó da casca de ovo como fonte de cálcio. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 27, n. 1, p.99-103, mar. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cta/v27n1/16.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.
LUFT, N. et al. Teor de cálcio e qualidade microbiológica da farinha da casca de ovo. In: CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, 8., 2005, São Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, 2005. p. 351.
NEPA/UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. 4. ed. Campinas: Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação – Nepa, 2011. 164 p. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada>. Acesso em: 18 jan. 2017.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC N° 269: Regulamento Técnico Sobre a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de Proteínas, Vitaminas e Minerais. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005.
Comments