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Gestação e Covid-19: o que se sabe até o momento?

  • Foto do escritor: Sabrina Wertzner
    Sabrina Wertzner
  • 16 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

A gestação é um período delicado, no qual há um estado de supressão parcial do sistema imune, tornando mulheres grávidas mais vulneráveis à infecções virais. Sugere-se que a infecção pelo Covid-19, mais conhecido como Coronavírus, além da mortalidade substancial em populações de risco, possa ter sérias consequências para mulheres grávidas.


Diretrizes da Organização Mundial de Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para o manejo do Covid-19 incluem recomendações para toda a população com base em epidemias anteriores (SARS e MERS) que incluem: lavar as mãos com frequência, usar álcool gel, manter distância de ao menos um metro entre as pessoas, evitar tocar a boca, nariz e olhos, cobrir a face ao espirrar, evitar locais cheios e fechados, e entrar em contato com o sistema de saúde para obter orientações de como proceder na presença de sintomas.


Até o momento, nenhuma morte em mulheres grávidas foi relatada. As evidências são baseadas em dados muito limitados. Elas não indicam que haja disseminação do vírus por via vaginal ou transmissão transplacentária, pois as análises de amostras de líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, esfregaço da garganta neonatal e leite materno disponíveis nas poucas pacientes que, neste período, estavam grávidas ou deram a luz, foram negativas para Covid-19. Esse número de análises não é representativo para qualquer afirmação.


São pouquíssimos os dados, mas estes sugerem que há a adição de um certo risco quando a infecção ocorre no terceiro trimestre da gravidez. Em outras infecções por outros vírus da mesma família do Covid-19 e por outras infecções virais, como influenza, foram relatados maiores riscos de desenvolvimento de severidade da doença, prematuridade e perdas de gravidez, mas os especialistas não podem dizer com certeza se o mesmo será verdadeiro para o Covid-19, ou se deverá ser por iatrogenia ou espontaneidade.


Portanto, é importante que as mulheres grávidas e suas famílias, assim como o público em geral e os prestadores de cuidados de saúde, recebam informações o mais precisas possível. Seguem algumas formas práticas desse períodos e do manejo do Covid-19 na gravidez:


Recomendações para gestantes:

1) Evitar viagens desnecessárias, locais cheios, transporte pública, contato com pessoas doentes, manter a higiene;

2) Se possível, isolamento social;

3) Dada a susceptibilidade a desenvolver ansiedade e depressão, buscar apoio psicológico para evitar desfechos indesejados;

4) Em caso de sintomas, entrar em contato com o médico de confiança que tem acompanhado a gestação e seguir suas orientações;

5) Em caso de confirmação da infecção pelo coronavírus, a gestante deve ser isolada em uma enfermaria com instalações adequadas e experiência multidisciplinar para gerenciar pacientes obstétricos, e tratada de acordo com sua severidade;

5.1) Devem ser assegurados o descanso adequado, hidratação e balanço eletrolítico, e apoio nutricional de acordo com a fase gestacional.


Até o momento, o tratamento das gestantes tem sido muito similar ao de outros paciente, com o uso de antivirais já conhecidos por serem relativamente seguros na gravidez. O mesmo no que diz respeito ao uso de antibióticos e corticoesteróides (caso se façam necessários).


Não se sabe se o Covid-19 aumenta o risco de aborto espontâneo e o nascimento de óbito, portanto não há qualquer indicação que se deva interromper a gestação em caso de contaminação pelo Covid-19. O momento do parto deve ser individualizado com base na gravidade da doença, nas comorbidades existentes, história obstétrica, idade gestacional e condição fetal. O monitoramento da mãe e do feto devem ser constantes, e qualquer tomada de decisão deve ser feita com o consentimento materno.


De acordo com a literatura, sugere-se que a transmissão transplacentária seja improvável no final da gravidez próximo ao termo, mas a infecção pode ocorrer em recém-nascidos por contato próximo. Dos casos descritos, a infecção ocorreu tardiamente, após 36 horas e 17 dias após o nascimento. Assim, há a indicação de clampeamento precoce do cordão umbilical e separação temporária do recém-nascido por pelo menos 2 semanas para minimizar o risco de transmissão viral por uma mãe infectada. O neonato deve ser tratado em uma enfermaria de isolamento e cuidadosamente monitorado quanto a quaisquer sinais de infecção. Durante esse período, ele deve ser alimentado com o leite bombeado da mãe.


Não tem sido detectado o vírus no leite materno, assim que, caso haja isolamento da mãe, ela ainda pode bombear leite e um terceiro indivíduo, saudável, pode ofertá-lo, seguindo as normas de higiene para o bombeio e oferta.

LIANG, Huan; ACHARYA, Ganesh. Novel corona virus disease (COVID‐19) in pregnancy: What clinical recommendations to follow?. Acta Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica, [s.l.], p.1-4, 5 mar. 2020. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/aogs.13836.


MELISSA JENCO. American Academy Of Pediatrics. Experts discuss COVID-19 impact on children, pregnant women. 2020. Disponível em: https://www.aappublications.org/news/2020/03/12/coronavirus031220. Acesso em: 16 mar. 2020.


CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Pregnancy & Breastfeeding: Information about Coronavirus Disease 2019. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prepare/pregnancy-breastfeeding.html. Acesso em: 16 mar. 2020.


ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS. Coronavirus (COVID-19) Infection in Pregnancy: Information for healthcare professionals. 2. ver. Londres, 2020. 35 p. Disponível em: https://www.rcog.org.uk/globalassets/documents/guidelines/coronavirus-covid-19-infection-in-pregnancy-v2-20-03-13.pdf. Acesso em: 16 mar. 2020.


 
 
 

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