Hic! Hic! A Ciência do Soluço
- Fernanda Ramos
- 9 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Soluços são familiares a todas as pessoas. Seu nome científico é Singultus, que significa, em latim, recuperar o fôlego. =P

Eles são o resultado de contrações repentinas e involuntárias do diafragma e músculos intercostais. O fechamento abrupto da glote, completando o reflexo, produz o típico som “hic”.
Esse espasmo diafragmático é unilateral e o lado esquerdo está mais envolvido no desencadeamento do soluço do que o lado direito.
Há um padrão nos soluços que é a repetição cíclica de 4 a 60 contrações por minuto, dependendo da pessoa. Os episódios podem levar de minutos até 48h para se resolverem, quando agudos.
Pode ocorrer desde o útero até a vida adulta. (Sim! Os bebês, enquanto estão na barriga da mãe, já soluçam! E acredita-se que podem desempenhar papel no treinamento muscular respiratório no bebê.)
Foi descrito pela primeira vez em 1967, mas sua função e mecanismos ainda são desconhecidos. Há envolvimento dos nervos frênicos (do diafragma), o nervo vago (que inerva todo o sistema digestório) e conexões no sistema nervoso central.

A classificação do soluço depende da sua duração. É agudo quando dura menos de 48h, persistente acima desse período e intratáveis quando passam de um mês.
Os soluços agudos podem ser desconfortáveis e um aborrecimento breve, no entanto os soluços persistentes e intratáveis tem impacto significante na qualidade de vida, sendo obstáculo para comer, dormir, falar e nas atividades sociais.
Há muitas causas para o fenômeno. É comum ocorrer em pessoas com doença do refluxo gastresofágico (DRGE), hérnia de hiato, distensão abdominal após consumo de quantidades grandes de alimentos ou bebidas gaseificadas, irritação estomacal com alimentos apimentados ou álcool.
Superexcitação ou ansiedade, especialmente se acompanhada por respiração seguida de engolir ar (como em risadas, por exemplo), também pode desencadear o reflexo dos soluços.
Os soluços persistentes ou intratáveis acontecem geralmente em doenças neurológicas e em câncer avançado, bem como induzido por medicações.
Elevação da pressão de CO2, manobras para estimular o nervo vago e medicações que atuam no sistema nervoso são soluções para inibir o soluço.
Na prática, os soluços agudos acabam após manobras simples baseadas na ciência popular e nem tanto na ciência formal. As técnicas descritas que parecem funcionar são:
Para aumentar da concentração de CO2:
segurar a respiração
respirar rápido e repetidamente dentro de um saco de papel
inspiração supra-supra-máxima: a pessoa expira completamente e depois inspira profundamente e segura a respiração por 10 segundos. Depois, sem expirar, inspira duas vezes novamente, cada vez segurando a respiração por 5 segundos
Para estimular o nervo vago pelo nariz, ouvido ou garganta:
tomar água gelada
puxar a língua
pressionar os globos oculares ou o ouvido externo
beber vinagre, engolir açúcar granulado para estimular a úvula (o “sininho da garganta)
gargarejar ou induzir vômito
A acupuntura é uma das áreas que tem sido investigadas no tratamento, sem resultados até o momento.
Tem também, como sempre, umas técnicas mais ~ peculiares ~ como estimulação sexual e massagem retal, que, como bem citado pelos autores da pesquisa, devem ser indicados cuidadosamente apenas em pacientes selecionados.
Tem também as coisas que não funcionam, como rezar, tomar um susto...
Conhece outras técnicas para acabar com o soluço?
Cole JA, Plewa MC. Singultus (Hiccups). NCBI Bookshelf.
Kohse EK, Hollmann MW, Bardenheuer HJ, Kessler J. Chronic Hiccups: An Underestimated Problem. Anesth Analg. 2017.
Steger M, Scheneemann M, Fox M. Systemic review: the pathogenesis and pharmacological treatment of hiccups. Aliment Pharmacol Ther 2015; 42: 1037–1050.

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