Desafios do envelhecimento
- Fernanda Ramos
- 20 de jan. de 2017
- 3 min de leitura
É um fato: nossos idosos estão cada vez mais velhos! Tudo isso devido à uma série de mudanças demográficas nas últimas décadas, com redução da taxa de mortalidade associada a redução da taxa de natalidade. Temos uma alteração na estrutura etária da população, especialmente nos países desenvolvidos, embora crescente nos países em desenvolvimento, como o Brasil.
Na figura abaixo, podemos observar a previsão da estrutura populacional no Brasil para 2035.
Figura 1 - Distribuição etária da população por sexo. Fonte: IPEA

O envelhecimento está relacionado a diversas alterações fisiológicas, desde aquelas no sistema cardiorrespiratório, que afeta as atividades de vida diária, até aumento de carga de doenças crônicas, redução de massa muscular, sarcopenia. Envelhecer é inevitável!
Por outro lado, não se fica velho de um dia para o outro. Envelhecer é um processo natural ao longo de toda a experiência de vida do indivíduo. E o mais importante: envelhecer não significa adoecer!
Esse fenômeno representa um desafio para a saúde no suprimento das demandas, no investimento e implementação de ações de prevenção e promoção do envelhecimento saudável e na proteção social e cuidado da pessoa idosa por meio de políticas públicas e intervenções integradas. Para se ter um envelhecimento bem sucedido é necessário agir!
O objetivo é inserir o tema na formulação de ações que promovam um envelhecimento ativo, que envolvem relações sociais, atividades produtivas, ausência ou controle de doenças, manutenção da capacidade funcional e rede de saúde e familiar fortalecida.
No Brasil foi publicado em 2006 a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que você tem acesso aqui. Também temos disponível o Caderno de Atenção Básica de Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, do mesmo ano (disponível na nossa biblioteca). No site da FIOCRUZ podemos acompanhar os indicadores de saúde do idosos e acompanhar as políticas para essa população.
Manter idosos social e economicamente integrados e independentes, bem como saudáveis é objeto de estudo de várias pesquisas, dada a importância do tema atualmente.
No estudo de Kohler et al de 2016, com 78 idosas, foi observado, em avaliações funcionais e de aptidão cardiorrespiratória feitas em dois momentos, com 5 anos de diferença entre eles, que as idosas que praticavam exercício físico regular obtiveram menor declínio da aptidão cardiorrespiratória, com resultados na segunda avaliação para o grupo praticante de exercícios físicos semelhantes aos encontrados na primeira avaliação das idosas inativas. Ou seja, o exercício físico atenuou o declínio na aptidão cardiorrespiratória, inerente ao envelhecimento.
O estudo de Lathan, também de 2016, mostrou a importância da adaptação ambiental e social na promoção da maior participação dos idosos na comunidade. As adaptações ambientais incluem desde o domicílio, na modificação dos cômodos na prevenção de quedas até a estrutura das ruas e calçadas, acesso aos serviços e mobilidade. As atividades em grupos fornecem suporte social, além de promover maior interação do idoso na comunidade.
Claro que bons hábitos de vida desde a idade adulta contam muito para um envelhecimento ativo, mas as questões sociais e ambientais são fundamentais para que o idoso tenha qualidade de vida e maior e melhor inserção na sociedade. Devemos estar ativos no desenvolvimento de ambientes saudáveis para todos desde agora para que no futuro se tenha mais estrutura para dar suporte aos nossos idosos, que serão muitos, incluindo a gente!
Para saber mais:
Vale DB, Bierhals CCBK, Aires M, Paskulin LMG. O significado de envelhecimento saudável para pessoas idosas vinculadas a grupos educativos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2015; 18(4):809-819.
Missikpode C, Michaek L, Wallace RB. Midlife Occupational Physical Activity and Risk of Disability Later in Life: National Health and Aging Trends Study. J Am Geriatr Soc.2016. 64:1120–1127.
Referências
Lathan K, Clarke PJ. Neighborhood Disorder, Perceived Social Cohesion, and Social Participation Among Older Americans: Findings From the National Health & Aging Trends Study. Journal of Aging and Health. 2016
Meucci MR, Gozalo P, Dosa D, Allen SM. Variation in the Presence of Simple Home Modifications of Older Americans: Findings from the National Health and Aging Trends Study. J Am Geriatr Soc. 2016. 64:2081–2087.
Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. Rio de Janeiro, 2016; 19(3):507-519.
Kohler R, Rorato P, Braga ALF, Velho RB, Krause MP. Efeito do Envelhecimento Cronológico e da Prática Regular de Exercícios Físicos sobre a Aptidão Cardiorrespiratória de Mulheres Idosas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(4):603-612.

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