Pode ser mais comum do que você pensa!
- Fernanda Ramos
- 9 de fev. de 2017
- 3 min de leitura
Quando falamos em transtornos alimentares, muitas vezes temos a sensação de ser algo distante da nossa realidade, mas está mais próximo de nós do que imaginamos!
Classicamente, estão no grupo vulnerável para transtornos alimentares adolescentes e mulheres jovens, mas nas últimas décadas tem-se crescente incidência dessas síndromes entre homens, atletas e profissionais da saúde.
Muitos estudos são feitos com mulheres, por isso a epidemiologia é mais consistente nesse grupo. Vale ressaltar que dependendo da amostragem e do método de avaliação, as estimativas de incidência e prevalência variam muito. Também houve mudança de critérios de classificação dos transtornos alimentares do DSM IV para o DSM V, em 2013, que não afetou as estimativas.

Estima-se que entre mulheres de 18 a 30 anos, 3,2% tenham transtorno alimentar e a taxa de prevalência varia entre 0,5% a 3%, dependendo do quadro de síndrome completa ou parcial.
Considerando mulheres jovens, a bulimia nervosa ocorre em cerca de 1% e as síndromes de transtornos parciais ou de transtorno alimentar sem outra especificação (TANE) ocorrem em 2 a 5%. A anorexia nervosa é mais rara, ocorrendo em menos de 0,5% dessa população.
Atualmente, sabe-se que a diferença na ocorrência de um transtorno alimentar entre homens e mulheres está em 1:4 na população geral (anteriormente 1:15) e entre atletas, essa relação diminui para 1:2.
Apesar disso, entre os homens há deficiência de dados, pois se acreditava não haver ocorrência do fenômeno nesse grupo. Os estudos recentes mostram que os transtornos alimentares são mais comuns entre aqueles que são atletas.
Neste último grupo, pesquisas mostram que aproximadamente ¼ dos atletas apresentavam comportamentos alimentares transtornados, associado com insatisfação com a imagem corporal, independente das categorias de esporte. No entanto, naqueles em que há divisão de classes por peso, como nas lutas, naqueles em que o peso baixo melhora a performance, como nas corridas, e naqueles em que há julgamento subjetivo dos ideais estéticos, há um risco maior de desenvolvimento de insatisfação corporal e comportamentos de risco para transtornos alimentares.
Nos últimos anos, dois outros grupos de risco entraram em evidência: o de universitários e profissionais de saúde.
Entre universitárias brasileiras, o estudo de Alvarenga et al, de 2011, mostrou que há comportamento de risco frequente nesse grupo, apontando uma relação inadequada com o corpo e com o alimento.
Entre os acadêmicos, os cursos de maior incidência para transtorno alimentar são os de educação física, nutrição, enfermagem e medicina.
Outro estudo com acadêmicos mostrou que entre eles 4% tinha alto risco de desenvolvimento de transtorno alimentar e que em 34,4% dos que já apresentavam desvios nutricionais havia alto risco de desenvolvimento de transtornos alimentares.
E afinal, onde queremos chegar com essas informações?
Queremos dizer que a epidemiologia mostra que apesar dos transtornos alimentares terem prevalência baixa na população geral, a sintomatologia deles é comum e devemos estar atentos na prevenção destes!
Referências
Alvarenga MS, Scagliusi FB, Philippi ST. Comportamento de risco para transtorno alimentar em universitárias brasileiras. Rev Psiq Clín. 2011;38(1):3-7
Goltz FR, Stenzel LM, Schneider CD. Disordered eating behaviors and body image in male athletes; Revista Brasileira de Psiquiatria. 2013;35:237–242
Fortes LS, Kakeshita IS, Almeida SS, Gomes AR, Ferreira MEC.Eating behaviours in youths: A comparison between female and male athletes and non-athletes. Scand J Med Sci Sports 2014: 24: e62–e68
Hay PJ. Epidemiologia dos transtornos alimentares: estado atual e desenvolvimentos futuros. Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):13-7
Sminka FRE, Hoekena D, Hoeka HW. Epidemiology, course, and outcome of eating Disorders. Curr Opin Psychiatry 2013, 26:543–548
Reis JA, Silva-Junior QRR, Pinho L. Fatores associados ao risco de transtornos alimentares entre acadêmicos da área de saúde. Rev Gaúcha Enferm. 2014 jun;35(2):73-8.
Nagl M, Jacobi C, Paul M, et al. Prevalence, incidence, and natural course of anorexia and bulimia nervosa among adolescents and young adults. Eur Child Adolesc Psychiatry (2016) 25:903–918
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