Maconha
- Sabrina Wertzner
- 17 de mai. de 2017
- 3 min de leitura

Saiu do forno e já com muito auê!
A maconha, ou melhor, o Cannabis sativa L., foi incluído na lista das Denominações Comuns Brasileiras (DCB), dentre uma lista que contém produtos biológicos, princípios ativos, excipientes e plantas de interesse da indústria farmacêutica.
Isso NÃO significa que ela recebeu uma autorização ou reconhecimento como planta medicinal.

Então, significa que, estando a substância nessa lista, qualquer processo que algum fabricante faça, que inclua o componente no medicamento, só começa a ser analisado se a substância em questão já constar na lista. Essa análise verifica todo o processo de extração, síntese e produção do produto, para então ter a garantia que o produto desenvolvido gere os efeitos desejados de tratamento.
Sobre a Cannabis
Em janeiro deste ano, a Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina reuniu especialistas no tema para desenvolver o relatório: The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids: The Current State of Evidence and Recommendations for Research, que considerou mais de 10.000 pesquisas científicas das mais recentes evidências sobre os efeitos na saúde do uso de cannabis e produtos derivados, para chegar às 99 conclusões resumidas abaixo:
Efeitos Terapêuticos
Para tratamento da dor crônica em adultos: evidências de que pacientes tratados com cannabis ou canabinoides eram mais suscetíveis a experimentar uma redução significativa em sintomas da dor.
Para adultos com espasmos musculares relacionados à esclerose múltipla: evidências de que o uso a curto prazo de determinados medicamentos fabricados com base em canabinoides melhorou os sintomas relatados.
Para adultos com náuseas e vômito induzidos por quimioterapia: há evidência conclusiva de que certos canabinoides orais foram eficazes na prevenção e tratamento.
Ferimento e morte
Condução de automóveis: evidências sugerem que o uso da substância antes de conduzir aumenta o risco de estar envolvido em um acidente de carro.
Lesões não intencionais de overdose de cannabis entre crianças: sugere-se que em estados onde o uso de cannabis é legalizado, há risco aumentado.
Câncer
Sem risco de desenvolvimento: a comissão encontrou evidências que sugerem que fumar cannabis não aumenta o risco de câncer. Achados de evidências de que o uso de cannabis está associado a um subtipo de câncer testicular foram insuficientes, assim como a de que o uso de maconha por uma mãe ou pai durante a gravidez leva a um maior risco de câncer na criança.
Exposição Neonatal
Menor peso ao nascer: pelo uso de maconha durante a gravidez.
Ataque cardíaco, derrame e diabetes
Faltam evidências: mais pesquisas são necessárias para determinar se o uso de cannabis está associado com ataque cardíaco, AVC e diabetes.
Doença respiratória
Recorrência de bronquite crônica e problemas respiratórios: sugere-se que fumar maconha em uma base regular está associada com episódios mais freqüentes - apesar de não estar claro se acentua DPOC, asma e função pulmonar, mas ao parar de fumar cannabis há redução dessas condições.
Sistema Imunológico
Faltam dados sobre os efeitos da cannabis ou canabinoides no sistema imunológico humano. Inclusive, são insuficientes as evidências de efeitos adversos sobre o estado imunológico em indivíduos com HIV.
Atividade anti-inflamatória: limitadas evidências sugerem que a exposição regular à fumaça de cannabis pode ter esta ação.
Saúde mental
Risco de esquizofrenia, outras psicoses, transtorno bipolar e distúrbios de ansiedade social, e em menor medida depressão: susceptividade ao aumento do risco.
Alternativamente, em indivíduos com esquizofrenia e outras psicoses, uma história de consumo de cannabis pode estar ligada a um melhor desempenho em tarefas de aprendizagem e memória.
Problema de uso de cannabis
Maior freqüência do uso: maior probabilidade de desenvolver problema de uso.
Juventude: iniciar o consumo em uma idade mais jovem aumenta a probabilidade de desenvolver o uso problemático de cannabis.
Uso de Cannabis e Abuso de Outras Substâncias
Apesar de limitadas, há evidências que o consumo de cannabis aumenta a taxa de início do uso de outras drogas, principalmente o uso de tabaco, álcool e outras drogas ilícitas.
Psicossocial
Prejuízos: o aprendizado, a memória, a atenção, as relações e papéis sociais são afetados negativamente após o consumo imediato de cannabis.
Ainda que limitadas, há evidências que sugerem que existem deficiências nos domínios cognitivos de aprendizagem, memória e atenção em indivíduos que pararam de fumar cannabis.
ANVISA. Denominações Comuns Brasileiras: Lista oficial de fármacos inclui Cannabis. 2017. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/lista-oficial-de-farmacos-inclui-cannabis-/219201?p_p_auth=v4fZi8Gv&inheritRedirect=false&redirect=http://portal.anvisa.gov.br/noticias?p_p_auth=v4fZi8Gv&p_p_id=101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=_118_INSTANCE_dKu0997DQuKh__column-2&p_p_col_count=2>. Acesso em: 16 maio 2017.
NATIONAL ACADEMIES OF SCIENCES, ENGINEERING AND MEDICINE. The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids: The current state of evidence and recommendations for research. The National Academies Press, Washington, DC, 468 pg, 2017. http://dx.doi.org/10.17226/24625.
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