Feijão com Arroz: uma mistura com Alto Valor Biológico de Proteínas
- Sabrina Wertzner
- 28 de mar. de 2017
- 3 min de leitura

Hoje em dia, com a vasta variedade e acesso de recursos alimentares, temos a possibilidade de consumo das outras fontes alimentares do que as corriqueiras, em especial a de proteínas.
E por que não nem que seja só um dia de sua semana, ao consumo exclusivo de fontes alternativas, assim como é estimulado pela Campanha Meat Free Monday lançada pela família McCartney (sim, do Paul dos Beatles)?
Essa campanha tem como objetivo principal aumentar a conscientização sobre o impacto ambiental do cultivo e consumo de animais.
Então vamos ao básico: uma alimentação isenta de proteína animal não traz prejuízos à saúde, desde que haja um planejamento cuidadoso para atender à necessidade dietética de referência (DRI) para faixa etária e peculiaridade do indivíduo (gestação, enfermidades, etc.).
Alguns alimentos contêm altos teores de proteínas enquanto outros possuem teores baixos, mas o que vai definir isso é a qualidade da proteína, ou seja, a capacidade de fornecimento de aminoácidos necessários ao nosso organismo, para sustentar o crescimento, a manutenção dos tecidos e a vigilância imunológica. Isso varia de acordo com a composição nutricional de aminoácidos essenciais, nitrogênio total e a digestibilidade do alimento.
Ok. E como eu sei isso?
Desde o começo do século XX, cientistas vêm estudando esse assunto, mas foi apenas em 1946 que Harold H. Mitchell e Richard J. Block desenvolveram o primeiro modelo que expressava a qualidade nutricional da proteína pela composição de aminoácidos. Assim, após 75 anos de pesquisas, foram definidos diferentes parâmetros que estabelecem essa qualidade: razão de eficiência proteica (PER), valor biológico (VB), saldo de utilização proteica (NPU) e o escore corrigido de aminoácidos por meio da Pontuação de Aminoácidos Corrigida pela Digestibilidade de Proteínas (PDCAAS) – o qual é considerado o método regulador mais adequado para a avaliação da qualidade proteica dos alimentos.
Ok. Mas isso é técnico demais… Quais são esses alimentos?
Aqui você encontra a tabela completa produzida pela FAO/OMS de PDCAAS para determinados alimentos, tendo como referência a carne de boi:

Com todas essas informações, te deixo livre pra tirar suas próprias conclusões.
Agora vamos ao motivo do título e o queridinho dos brasileiros:
o feijão com arroz!
Essa tradicional mistura de um cereal com uma leguminosa mostrou suprir os aminoácidos essenciais, ter adequado teor nitrogenado e uma digestibilidade ao redor de 80%!
Não apenas essa combinação, mas você pode combinar diversos outros alimentos para ter o mesmo resultado. Por exemplo: arroz cozido no leite (vulgo arroz-doce), sopa de ervilhas com pão integral, arroz com qualquer outra leguminosa, pão integral com queijo, etc.
Sendo assim, “sem querer querendo”, nosso feijão com arroz de cada dia possui um alto valor biológico de proteínas!
PIRES, Christiano Vieira et al. Qualidade nutricional e escore químico de aminoácidos de diferentes fontes protéicas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, [s.l.], v. 26, n. 1, p.179-187, mar. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0101-20612006000100029.
HIDVÉGI, M.; BÉKÉS, F.. Mathematical modeling of protein nutritional quality from amino acid composition. In: LÁSZTITY, Radomir; HIDVEGI, Máté. Amino Acid Composition and Biological Value of Cereal Proteins: Proceedings of the International Association for Cereal Chemistry Symposium on Amino Acid Composition and Biological Value of Cereal Proteins. Hungria: Springer Science & Business Media, 2012. Disponível em: <books.google>. Acesso em: 22 mar. 2017.
FAO/WHO. Protein quality evaluation: Report of Joint FAO/WHO Expert Consultation. Roma: Fao, 1991. 58 p. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/38133/1/9
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ROGERO, Marcelo Macedo; CASTRO, Inar Alves de; TIRAPEGUI, Julio. Proteínas. In: COZZOLINO, Silvia Maria Franciscato; COMINETTI, Cristiane. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri: Manole, 2013. Cap. 1. p. 3-43.
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