Ortorexia: exemplo de saúde ou obsessão?
- Sabrina Wertzner
- 28 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Começa com um frango-com-batata-doce, passa pelo suco-verde-detox, vem caminhando junto com os wheys e shakes...
E quando percebe, não come nada que não está na "dieta". Fissura. Se isola. Acredita piamente que sua "disciplina" e "organização" são exemplos de saúde.
Não são.
A ortorexia não esta descrita no DSM V e ainda é discutida se pode ou não ser considerada um transtorno alimentar, uma variante de um transtorno alimentar atualmente reconhecido (como uma desordem obsessiva-compulsiva) ou uma desordem separada.
O termo ortorexia deriva das palavras orthos (= com precisão) e orexis (= fome) que indica uma fixação (pode-se dizer também obsessão) por alimentos saudáveis ou uma dependência dos mesmos. O termo foi inicialmente cunhado por Bratman em 1997.
O que é consenso entre autores é que é uma desordem psicológica por causar consequências físicas, psicológicas e sociais ao indivíduo.

As pesquisas diferem bruscamente nos resultados sobre prevalência, muito pela divergência entre metodologia aplicada (assim como os instrumentos de avaliação), pelo pequeno número de estudos realizados ao redor do mundo e também pelas amostras populacionais já coletadas: variadas em níveis educacionais e culturais.
Da mesma forma, diferem em preditores para a ortorexia nervosa: certos autores indicam associação entre IMC elevado e perturbação com a imagem corporal com o acometimento, e certos não encontram associações significativa em seus resultados.
Ainda não é certo e faltam dados para que os especialistas na área entrem em consenso sobre a ortorexia nervosa.
Vale ressaltar que a ortorexia é muito diferente da motivação consciente em ter uma alimentação saudável.
É difícil, complicada e quase invisível, assim como os transtornos alimentares.
Enquanto não há concordância entre os pesquisadores, nós, nadando contra a maré das pessoas que pregam esse "estilo de vida" como saudável, temos que tentar promover com sabedoria o que é uma alimentação adequada - sem modismos e extremismos - em quem amamos e cuidamos.

Se você se identificou com esse texto, leia mais sobre esse tema no site do Dr. Bratman e procure um profissional especialista para lidar com isso.
BRYTEK-MATERA, Anna et al. Orthorexia nervosa and self-attitudinal aspects of body image in female and male university students. Journal Of Eating Disorders, [s.l.], v. 3, n. 1, p.1-8, 24 fev. 2015. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1186/s40337-015-0038-2.
BRATMAN, Steven. Orthorexia Essay. 1997. Bratman, Steven. Health Food Junkie. Yoga Journal 1997; September/October:42-50.. Disponível em: <http://www.orthorexia.com/original-orthorexia-essay/>. Acesso em: 28 jun. 2017.
VARGA, Márta et al. When eating healthy is not healthy: orthorexia nervosa and its measurement with the ORTO-15 in Hungary. Bmc Psychiatry, [s.l.], v. 14, n. 1, p.1-11, 28 fev. 2014. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1186/1471-244x-14-59.
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