Probióticos, Cirurgia Bariátrica e Consequências Pouco Estudadas
- Sabrina Wertzner
- 3 de jul. de 2017
- 2 min de leitura
Em uma aula que envolvia os temas "cirurgia bariátrica" e "transtornos alimentares" me surgiu uma dúvida: como é que fica a flora intestinal depois de todo esse corte-puxa-espreme-amarra-costura das cirurgias bariátricas?
Os probióticos são micro-organismos que sempre me instigaram. Na graduação e especialização pesquisei sobre eles e acabo sempre lendo mais artigos científicos cruzando esse tema com os mais variados: aplicação na UTI, em indivíduos com doenças inflamatórias, na síndrome metabólica, no sistema imune, etc.
Probióticos são definidos pela FAO e pela OMS (2002) como "organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um efeito benéfico à saúde no hospedeiro"

Sabe-se que a composição da nossa flora é altamente influenciada pela nossa alimentação - especialmente nos primeiros anos de vida. Sobretudo, entende-se que uma alimentação variada, rica em alimentos in natura e minimamente processados, permite a manutenção de uma flora organizada e equilibrada.
Recentemente, dezenas de evidências têm proposto que, além dos muitos fatores que influenciam no desenvolvimento de doenças metabólicas, a microbiota "mal nutrida" soma-se como um fator patogênico.
Não apenas, mas uma cascata de prejuízos é desencadeada por essa má nutrição, como:
Absorção de nutrientes deficitária (devido a alteração epitelial e fermentação improdutiva no trato gastrointestinal)
Baixa motilidade intestinal
Proteção deficiente contra patógenos e consequente abalo do sistema imune
Alteração do apetite
Alteração do metabolismo da glicose e de lipídeos, e de seu armazenamento no fígado
Estabelece-se, pela mesma linha de pesquisa, que a suplementação adequada dos probióticos promove efeitos benéficos na síndrome metabólica, na perda de peso, na redução da adiposidade visceral, na melhora da tolerância à glicose, na redução de processos inflamatórios, na melhora da barreira epitelial e redução da translocação bacteriana.
E a cirurgia bariátrica?
Dependendo da técnica utilizada (e somando à super baixa ingesta alimentar no pós-operatório e o estresse do período) afeta-se o crescimento e a composição da flora intestinal. Com uma brusca alteração, pode-se ocorrer desde náuseas, flatulências, diarreia, dor abdominal, até a translocação bacteriana e o desenvolvimento de endotoxemia metabólica.
Já se entende que a administração de antibióticos é um tiro no pé, então uma solução segura que começa a ser estudada é a prescrição de probióticos.
Sua administração é, em geral, considerada segura, inclusive dados sobre efeitos colaterais têm sido muito poucos. No entanto, todo cuidado é pouco. Sempre deve ser recomendado, orientado e monitorado por um profissional especialista no assunto!
FESTI, Davide et al. Gut microbiota and metabolic syndrome. World Journal Of Gastroenterology, [s.l.], v. 20, n. 43, p.16079-16094, nov. 2014. Baishideng Publishing Group Inc.. http://dx.doi.org/10.3748/wjg.v20.i43.16079.
JEPPSSON, Bengt; MANGELL, Peter; THORLACIUS, Henrik. Use of Probiotics as Prophylaxis for Postoperative Infections. Nutrients, [s.l.], v. 3, n. 12, p.604-612, 12 maio 2011. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu3050604.
FAO. Probiotics. 2002. Disponível em: <http://www.fao.org/food/food-safety-quality/a-z-index/probiotics/en/>. Acesso em: 03 jul. 2017.
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