Atualização: pílula anticoncepcional e os riscos associados
- Sabrina Wertzner
- 7 de ago. de 2017
- 3 min de leitura
Há indícios que a anticoncepção já vinha sendo praticada desde o século III a.C., quando Hipócrates já disseminava que a semente da cenoura selvagem era capaz de prevenir a gravidez. A partir de então, outras formas de prevenção passaram a ser descobertas e praticadas por mulheres e homens: plantas naturais, tampões vaginais e preservativos feitos com vísceras de animais.
A modernidade permitiu o desenvolvimento de preservativos mais baratos e duráveis, como a camisinha de borracha vulcanizada (1844) e o diafragma (1870).
Foi apenas em 1950 que a noretisterona, um hormônio sintético semelhante à progesterona foi sintetizada, e em 1960 que o noretinodrel, combinado de estrogênio sintético, deu origem a primeira pílula anticoncepcional combinada (contraceptivo oral combinado - COC).

A partir de então, a pílula anticoncepcional mudou o mundo, principalmente o das mulheres.
Apesar disso, riscos silenciosos vêm sendo desmascarados, mostrando que o uso de COC não é só alegria como se sonhava.
Já se tem resultados concretos que o uso de COC está associado a um risco aumentado de trombose arterial, isto é, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi).
Um estudo da Cochrane (2015) revisou estudos publicados desde a década de 60 para estimar o risco de IAM ou AVCi em usuárias, não usuárias, em diferentes doses e tipos de anticoncepcional.
Encontrou-se que o risco de IAM ou AVCi é 1,6 vezes maior em mulheres que usavam COCs;
Os dados mostram que o risco é maior para pílulas com mais de 50 μg de estrogênio;
Sobre o risco de trombose venosa, sugere-se que a pílula contendo levonorgestrel e 30 μg de estrogênio seja a forma oral mais segura de contracepção hormonal.
Mais recente (2017), avaliou-se se mulheres com condições médicas associadas ao aumento do risco de trombose estariam sujeitas ao mesmo risco do uso de anticoncepcionais se usassem anticonceptivos de apenas progesterona (POC).
Encontrou-se que não há aumento das probabilidades de eventos venosos ou arteriais com o uso da maioria dos POC.
Outro estudo de revisão (2016) avaliou se o uso de COC poderia modificar o risco de IAM, AVC, trombose venosa cerebral (TVC) e tromboembolismo venoso (TV) em mulheres obesas e avaliou a relação entre IMC e TV.
Concluíram que há evidência limitada (nível II-2) sobre o risco de AVC e IAM: tanto o uso de COC quanto o aumento do IMC aumentam o risco de TV.
Em relação aos eventos tromboembólicos em mulheres com diabetes tipo 1 ou 2 usando contracepção hormonal, encontrou-se que o risco absoluto de tromboembolismo é baixo, mas que, visando evitar os efeitos teratogênicos da hiperglicemia, sugere-se o uso de anticoncepcionais intra-uterinos e subdérmicos.
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