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Amigo Oculto

  • Caio Augusto Colombo
  • 21 de set. de 2017
  • 3 min de leitura

Olá, eu sou aquele que não deve ser nomeado. Sou aquele que entro na sua família de forma abrupta e deixo um rastro de dor, mágoas e perguntas sem respostas. Sou aquele que posso estar junto com o seu familiar, amigo, vizinho ou de uma pessoa qualquer que você encontre por ai, e você nem desconfie disso.

Olá, eu sou o suicídio.

O mês de setembro é como se fosse o mês do meu aniversário, todo mundo fala sobre mim nos jornais, revistas, televisão e internet, é um mês muito especial para mim.

Todos querem falar algo sobre mim nesse mês, mas alguns falam algumas mentiras. Não, eu não quero chamar apenas a atenção; você falar sobre mim não vai fazer com que eu seja seu amigo. Amigo não! Tenho que confessar, eu sou um falso amigo. E como falso, eu vou tentar sempre estar perto de você, mesmo que impeçam nossa amizade na primeira tentativa; e não, não gosto apenas de pessoas com doenças mentais, sou amigo de todo mundo que quiser estar comigo.

Mas apesar de ser um falso amigo, eu vim te dar uma solução para o seu problema, porque você acha que não existe outra saída. As pessoas não ligam para o seu problema, eu me importo. As pessoas fazem bullying com você, eu não faço. As pessoas menosprezam sua dor, eu trago um suposto conforto. O mais engraçado nisso tudo é que eu existo por sua causa, por causa de todo mundo. Eu adoro o mundo em que vivemos, as pessoas estão cada vez mais individualistas, menos empáticas, o status de uma pessoa é medido pelo seu poder financeiro, número de amigos no Facebook® ou Instagram®, o corpo perfeito. O fracasso jamais deve ocorrer, porque o fracasso traz culpa, baixa autoestima e, se você tiver isso, você não serve para ser amigo das pessoas.

Mas, ei, eu estou aqui.

Olha só que engraçado, as pessoas não gostam de falar sobre mim, mas elas me ajudam a ter amigos, elas fazem com que pessoas me procurem, e elas não fazem ideia disso, ou talvez façam, mas não querem encarar a verdade. Mas sabe, eu cansei de ser falso, então eu vou dar um conselho para vocês que estão lendo isso. Olhem ao redor de vocês, olhe para seus familiares, amigos, colegas, qualquer pessoa que você seja próximo. Eles estão mais tristes, apáticos, hostis, isolados, tiveram alguma mudança no comportamento, se sentem culpados por algo, estão mais impulsivos, falam sobre morte e morrer? Se sim, ei, é capaz que eu esteja começando uma amizade com essa pessoa.

Mas você pode impedir essa nossa amizade! Como? Vá até ela e pergunte: "Como você está? Está tudo bem? Quer conversar sobre alguma coisa? Você é importante para mim e eu estou aqui para ajudá-lo no que você precisar! Conheço bons profissionais que podem te ajudar!" Seja acolhedor, cuidadoso, esteja por perto dela sempre, seja um amigo.

Viu? Não é tão difícil, mas são palavras que de alguma forma vão ajudar essa pessoa e quem sabe ela não ganhe uma verdadeira amiga: Vida, esse é o nome dela.

Para maiores informações acesse: https://www.cvv.org.br/

Caio Augusto Colombo. Psicólogo. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e graduado em Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Psicologia da Saúde pelo Programa de Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente trabalha na área de Psicologia Hospitalar.

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Cultura E Tal:

The Baker's Wife (1938)

O filme é baseado em um livro de Jean Giono, um doce conto pastoral, sobre um padeiro que fica pertur-bado quando sua esposa o deixa.

O padeiro então passa-se a recusar a fornecer pão à aldeia até ela voltar para ele.

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