Ah... o Amor!
- Fernanda Ramos
- 2 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
O amor é fonte de inspiração para as artes, como a poesia, a música, a dança e a pintura e é considerado um sentimento sem explicação.
Mais recentemente esse tópico tem sido também uma inspiração para a ciência, que está na busca pelo entendimento dos mecanismos metabólicos envolvidos no processo de amar.

Todas as emoções tem sua correlação neuronal e com o amor não seria diferente!
Evolutivamente, o amor faz parte de um sistema de escolha de parceiro para fornecer melhores chances de descendência e de sobrevivência.
O amor pode acontecer na ligação entre pessoas, sejam eles parceiros, pais e amigos ou com animais. Os estudos são mais focados na relação entre parceiros e maternal, embora haja a hipótese que outros tipos de amor se comportem da mesma maneira.
Há uma importante regulação neuroendócrina nesse processo, que envolve:
Oxitocina e vasopressina: esses hormônios atuam em receptores de diferentes áreas cerebrais, incluindo sistema de recompensa dopaminérgico, na escolha e manutenção do parceiro.
A oxitocina tem mecanismo principal no parto e amamentação e contribui na atenuação do estresse nas fases iniciais do amor. Não é à toa que é conhecida como o hormônio do amor.
A vasopressina aumenta o estresse metabólico e está relacionada ao aumento da frequência cardíaca e suor, que costumam ocorrer quando a pessoa apaixonada encontra o parceiro.
Dopamina: pelo sistema dopaminérgico de recompensa, está relacionada ao amor na formação e preferência de pares. Há a hipótese de que em algumas espécies esse sistema seja mantido em atividade por adaptações metabólicas para sustentar a preferência pelo parceiro e evitar novas ligações em pares. Quando ativado, esse sistema produz sensação de bem estar.
Cortisol: está em níveis mais elevados nos estágios iniciais do amor. Embora aumente estresse e insegurança, essa elevação é importante para superar o medo do novo que acontece inicialmente.
Serotonina: há redução desse neurotransmissor nos estágios iniciais do amor, causando sensação de ansiedade, estresse e uma forma de comportamento obsessivo. Há normalização após alguns meses.
Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: há maior atividade do eixo quando a pessoa se apaixona, normalizada após alguns meses.
Dizem também que o amor é como um vício. E é mesmo! Os processos do sistema de recompensa de dopamina envolvidos no amor e na escolha do parceiro são similares àqueles envolvidos em comportamento de vício, como no uso de drogas.
Quando o amor acontece há também ativação de diversas áreas cerebrais relacionadas a formação de memória e imagem e redução de atividade de áreas relacionadas ao medo, experiências negativas e julgamentos.
Já se reconheceu nesses sintomas?
Todos são adaptações necessárias desde o contato social até a escolha e manutenção do parceiro. É claro que o ser humano é complexo e que questões culturais e de crenças fornecem outras perspectivas ao processo além dos aspectos evolutivos e metabólicos.
A gente deixa o amor, então, para os artistas desvendarem mas também para a ciência esclarecer os processos, cada um com sua própria arte. <3
Feldman R. Neurobiology of human Attachments. Trends in Cognitive Science. 2017
Boer A, Van Buel EM, Ter Horst GJ. Love is more than just a kiss: a neurobiological perspective on love and affection. Neuroscience 201. 2012.
Seshadri KG. The neuroendocrinology of love. Indian J Endocr Metab 2016;20:558-63

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