Perda de massa muscular entre idosos e alimentação
- Fernanda Ramos
- 17 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Por volta dos 50 anos todos nós começamos um processo natural de perda de massa muscular e com o avançar da idade essa perda é acelerada, afetando principalmente a qualidade de vida dos idosos.
Tudo porque essa perda de massa muscular representa aumento do risco de doenças metabólicas e a mortalidade associada a doenças, bem como aumento do risco de fragilidade, quedas e, consequentemente, de fraturas. Há também, nesse processo, perda gradual de independência para as atividades de vida diária.

Há diversas razões que contribuem para a perda de massa muscular, como redução de consumo alimentar global, redução das atividades diárias, deficiência de vitamina D, perda de neurônios motores, desenvolvimento de inflamação crônica e aumento do estresse oxidativo nas células, entre outras.
Na alimentação, dentre os fatores externos envolvidos nesse processo estão dentição inadequada, redução da percepção de sabor e cheiro e fatores sociais e econômicos que levam a redução do consumo de carnes ou retirada de proteínas animais de maior qualidade.
A solidão, não ter com quem/para quem cozinhar, não ter companhia nos momentos das refeições e incapacidade de produzir as próprias refeições são fatores que afetam negativamente o consumo alimentar de idosos.
Dentre os fatores biológicos há prejuízos na digestão e absorção de nutrientes e na captação dos aminoácidos.
A chamada resistência anabólica é a redução da capacidade da célula em responder adequadamente à estimulação dos aminoácidos vindos da alimentação para produção de proteína na reposição das perdas. Ocorre especialmente com o avançar da idade e mesmo a diminuição das atividades diárias já é suficiente para induzir a resistência anabólica.
Essa resistência é um dos fatores responsáveis pelo declínio da massa muscular esquelética em idosos.
No entanto, existem estratégias para minimizar os efeitos da perda de massa muscular do envelhecimento.
Na alimentação, o consumo adequado de fontes de proteína de alto valor biológico (carnes, leite, queijo e ovos) faz-se necessário. A recomendação é de 1 a 1,5g/kg/dia de proteína, sendo 60% de alto valor biológico, acima das recomendações para os adultos. O objetivo é superar essa resistência anabólica e permitir a manutenção da massa muscular e seus consequentes benefícios na qualidade de vida.
Se não puder ser suprida pela alimentação, podem ser usados como complemento os suplementos protéicos, com acompanhamento por profissional de saúde habilitado.
Em um estudo, publicado em 2017, realizado com dois grupos de idosos no período de 10 semanas foi encontrado que o aumento do consumo proteína pela alimentação levou a manutenção da massa muscular e benefícios para a força muscular enquanto que o grupo com proteína similar a recomendação para adultos teve perda de massa muscular.
A atividade física também tem papel fundamental nesse processo de manutenção da massa muscular entre idosos.
Mitchell CJ, Milan AM, Mitchell SM, Zeng N, Ramzan F, Sharma P, et al. The effects of dietary protein intake on appendicular lean mass and muscle function in elderly men: a 10-wk randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2017
Murton AJ. Muscle protein turnover in the elderly and its potential contribution to the development of sarcopenia. Proceedings of the Nutrition Society. 2015
Nowson C, O’Connell S. Protein Requirements and Recommendations for Older People: A Review. Nutrients. 2015

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