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Dieta Low Carb para o Tratamento de Ovário Policístico?

  • Sabrina Wertzner
  • 20 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

A dieta cetogênica, vem sido amplamente estudada tanto para fins medicinais, como no tratamento da epilepsia, quanto para fins estéticos, no emagrecimento.

Definição de Dieta Cetogênica

Dieta caracterizada pela redução dos carboidratos

(à menos de 50 g/dia)

e aumento de lipídeos e proteínas.

Honestamente, não sou muito fã deste tipo de intervenção quando voltada a fins fúteis, mas se uma intervenção nutricional é capaz de reduzir o uso de medicamentos e trazer benefícios ao organismo, por que não utilizá-la?

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma condição endócrina que atinge de 6-21% da população, sendo uma maior prevalência em mulheres obesas ou com sobrepeso.

Não ao acaso, o fato da maior prevalência ser nesta população está relacionado aos distúrbios metabólicos ocasionados pelo excesso de peso, como a resistência à insulina. A resistência à insulina agrava o quadro da SOP pelo aumento do andrógeno ovariano e redução da ovulação.

Como consequência, apresentam-se os seguintes sintomas: disfunção menstrual, infertilidade, hiperandrogenismo, complicações na gestação, resistência à insulina e aumento dos fatores de para diabetes e doença cardiovascular, e distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão, desencadeando redução na qualidade de vida.

E a dieta nisso???

Dada a relação do excesso de peso e resistência à insulina, a primeira recomendação em casos de SOP é o manejo adequado do peso corporal por meio de intervenções alimentares, exercícios e tratamento comportamental.

Entretanto, muito se fala a respeito de uma dieta específica. Há inúmeros estudos que investigam a relação entre as mais variadas dietas (modificação da quantidade de proteínas, carboidratos, gorduras, índice glicêmico, etc.) mas nenhum que tenha identificado uma relação clara e direta.

Sugere-se que uma dieta com baixo índice glicêmico (IG), baixa carga glicêmica (CG), rica em proteína e ácidos graxos seja capaz de intervir na regulação hormonal, em efeitos metabólicos e, então, frear os sintomas da SOP.

Assim, um estudo realizado por Paoli et al. (2013) propõe que mulheres que sofrem com SOP e demonstram sinais relacionados à síndrome metabólica, como resistência à insulina, obesidade, intolerância à glicose, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e também altos níveis de inflamação, devem recorrer a tratamentos que visam reduzir a resistência à insulina/hiperinsulinemia, tais como modificações de estilo de vida (exercício, dieta e perda de peso) e tratamentos farmacológicos.

Outro estudo feito por Moran et al. buscou as respostas para essa questão também em 2013. Os autores identificaram pequenas diferenças dentre os aspectos antropométricos, reprodutivos, metabólicos e psicológicos das dietas avaliadas em cada estudo individual.

  • Observaram que, assim como já recomendada, a redução do peso foi de benéfico na síndrome, independentemente da composição da dieta;

  • Em relação aos parâmetros reprodutíveis, a regularidade menstrual foi obteve melhora após uma dieta com baixo IG, quando comparada a uma dieta padrão para perda de peso;

  • Referente à manutenção do peso, uma dieta com menor carga glicêmica e uma ingestão de proteínas elevadas foi associada a um aumento na testosterona em mulheres e dificuldades na manutenção do peso;

  • A mesma foi associada com melhora no perfil lipídico e sensibilidade à insulina;

  • Sobre os aspectos psicológicos, verificou-se que dietas restritiva e com baixo IG agravou quadros de depressão, quando comparada a dietas balanceadas que tiveram relação inversa, supostamente relacionadas a perda de peso por si só.

Os autores chamam atenção, como sempre fazemos aqui no site, nos efeitos adversos que não foram avaliados nos estudos revistos: consequências adversas para o metabolismo ósseo e renal com aumento da proteína dietética, quantidade insuficiente de micronutrientes, ingestão inadequada de folato e fibras, aumento do risco de câncer colorretal, doença diverticular e constipação.

Ao que tudo indica, essas pequenas diferenças resultantes da composição dietética não justificam, ainda, sua aplicação, mostrando que os esforços devem ser concentrados na mudança de estilo de vida, e não na própria composição da dieta.

A PAOLI, et al. Beyond weight loss: a review of the therapeutic uses of very-low-carbohydrate (ketogenic) diets. European Journal Of Clinical Nutrition, [s.l.], v. 67, n. 8, p.789-796, 26 jun. 2013. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2013.116.


MORAN, Lisa J. et al. Dietary Composition in the Treatment of Polycystic Ovary Syndrome: A Systematic Review to Inform Evidence-Based Guidelines. Journal Of The Academy Of Nutrition And Dietetics, [s.l.], v. 113, n. 4, p.520-545, abr. 2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jand.2012.11.018.

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