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Transplante Fecal

  • Sabrina Wertzner
  • 10 de set. de 2018
  • 2 min de leitura

Sim, você leu direito: Transplante Fecal.

Longe de ser uma nova técnica, o registro mais antigo da utilização do transplante fecal para o tratamento de intoxicações alimentares e diarreia grave é da China, há milênios, mais aproximadamente no século IV.

Há registros de que no século XVI, Li Shizhen, um herbalista e acupunturista, fazia uso da "sopa amarela" (também conhecida como "xarope dourado") para o tratamento de doenças abdominais. A sopa era um composto de fezes frescas, secas ou fermentadas.

Atualmente, o assunto ainda é pouco discutido - e por alguns ainda um tabu, mas muita pesquisa vem sendo realizada para comprovar os benefícios desta terapia no tratamento de infecções, doenças intestinais e recuperação da microbiota intestinal após o uso de antibióticos.

Uma microbiota saudável é capaz de inibir a colonização de agentes patogênicos no nosso intestino. O uso de antibióticos, seja qual for o motivo, faz com que haja ruptura da proteção, promovendo a oportunidade de desenvolvimento de infecções por patógenos.

O transplante da microbiota fecal consta na introdução da microbiota intestinal de um doador saudável para restaurar a microbiota intestinal afetada do receptor.

O doador é considerado saudável quando não apresenta condições gastrointestinais agudas (diarreia) ou condições gastrointestinais crônicas (doença inflamatória intestinal, microcolite ulcerativa, doença celíaca ou história de câncer de cólon). Os doadores não devem ter sido tratados com antibióticos nos 3 meses que antecedem o evento da doação, e também não devem apresentar hepatite A, B e C, sífilis, óvulos e parasitas, patógenos bacterianos entéricos e HIV-1/HIV-2.

Após a doação, as fezes são levadas a um laboratório para a preparação da solução a ser introduzida - via cápsula oral contendo material liofilizado, colonoscopia, enema ou sonda orogástrica.

Saiba mais sobre bancos de doação de fezes clicando nos seguintes links: Open Biome Asia Microbiota Bank

Estudos indicam que a microbiota fecal dos receptores após o transplante torna-se mais diversificada e mais semelhante ao perfil do doador do que a microbiota antes do transplante.

Como já dito, o uso de antibióticos perturba a microbiota intestinal original e sua capacidade de fornecer resistência à colonização contra patógenos como o C. difficile, e é um fator de risco conhecido no desencadeamento da infecção pelo mesmo. Casos de infecções recorrentes permanecem difícil de tratar com a terapia antibiótica padrão. Assim, o transplante de microbiota fecal forneceu um método alternativo, bem sucedido (cerca de 90%), para o tratamento.

A hipótese da eficácia consta no conceito de interferência bacteriana, ou seja, o uso de bactérias inofensivas é capaz de interferir na proliferação de organismos patogênicos, cessando, gradualmente, a infecção. No entanto, em outros casos de outras condições, como a colite ulcerativa, ainda não foi identificada uma teoria que possa explicar o método de ação.

Agora, sem nojinhos, ainda que não completamente elucidada, essa terapia é incrível, não é????

GERKE, Henning. Ask an Expert: Does Fecal Transplantation Hold the Secret to Future Cures? 2016. Disponível em: <https://uihc.org/health-topics/ask-expert-does-fecal-transplantation-hold-secret-future-cures>. Acesso em: 10 set. 2018.

Seekatz AM, Aas J, Gessert CE, et al. Recovery of the Gut Microbiome following Fecal Microbiota Transplantation. mBio. 2014;5(3):e00893-14. doi:10.1128/mBio.00893-14.

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