A ciência explica: como comer menos
- Isis Stelmo
- 26 de ago. de 2017
- 2 min de leitura

Semana passada, fiz um texto sobre o Paradoxo Francês, seguindo essa mesma linha, Paul Rozin et. al ficaram intrigados ao observarem que quanto mais dietas e mais restrições calóricas (consumindo produtos fat free, sugar free) as pessoas fazem, maior é o índice de obesidade nos Estados Unidos, enquanto que na França as pessoas seguem comendo pão, queijo e bebendo vinho e continuam com baixo risco para doenças cardiovasculares e baixa prevalência de pessoas acima do peso.
No estudo The Ecology of Eating, os pesquisadores compararam o tamanho das porções em restaurantes da Filadélfia e de Paris, incluindo o McDonald's.
Já adivinhou o resultado?
Na França foram encontradas porções menores do que nos estabelecimentos do Estados Unidos, além disso, constatou-se que os franceses demoram mais para comer, apreciando suas refeições, enquanto que os estadunidenses comem porções maiores e de maneira desconectada, ou seja, não prestam real atenção no que estão comendo. Além disso, os franceses possuem mais momentos de pausa para realizar refeições durante o dia, ao contrário daqueles que vivem nos EUA.
Sendo assim, percebeu-se que mesmo quando as pessoas comem em menor quantidade e mais devagar, elas se sentem satisfeitas.
Na mesma linha, o pesquisador Brian Wansink, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, fez vários experimentos em seu laboratório/restaurante, o "The Spice Box". Em um deles, ele utilizou a sopa como protagonista. Ao chegar ao restaurante, as mesas já estavam postas, algumas das tigelas eram comuns e outras foram alteradas: possuíam um tubo na parte de baixo que continuavam a enche-las de líquido sem que os clientes percebessem. Ao final do experimento, constatou-se que quem havia tido sua tigela sendo preenchida de sopa constantemente, mesmo sem se dar conta, havia comido mais do que aqueles que comeram nas tigelas inalteradas.
Outro estudo foi no cinema, com pipocas murchas do dia anterior. Alguns receberam um saco de pipocas menor e outros, a porção maior. Mesmo o produto não estando com as características desejáveis, quem recebeu o pacote maior, mesmo reclamando da textura e sabor, acabou comendo mais do que aqueles que receberam o menor.
Moral da história: é importante prestarmos mais atenção às nossas refeições, darmos a devida importância a esses momentos, parar e realmente aproveitar cada mordida/garfada/gole; além de, quando possível, fazermos escolhas mais conscientes quanto ao tamanho das porções: será que o tamanho jumbo da pipoca/confeitos/balas/chocolates é realmente necessário?
Vale a reflexão ;-)
Referências:
Paul Rozin, Kimberly Kabnick, Erin Pete, Claude Fischler and Christy Shields. THE ECOLOGY OF EATING: Smaller Portion Sizes in France Than in the United States Help Explain the French Paradox. Psychological Science. Vol. 14, n. 5, Sep, 2003.
Brian Wansink. Mindless Eating. Why we eat more than we think. 2006.
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