Mulheres, casamento e ganho de peso
- Isis Stelmo
- 21 de out. de 2017
- 2 min de leitura

Essa semana, fiz parte de uma discussão bem informal no Facebook sobre alguns fatores associados ao ganho de peso em mulheres após juntar as escovas de dentes com seus companheiros. Vou abordar o tema relacionado especificamente à união heterossexual porque os resultados que encontrei não mencionavam uniões homo-afetivas (gays ou lésbicas e suas variantes).
A pergunta motivadora foi: se seria mais fácil se magra solteira ou gordinha casada. Eu não tenho resposta para essa pergunta, afinal eu não me identifico com nenhuma das duas situações. Contudo, é de conhecimento popular que muitas mulheres acabam ganhando peso após casarem ou estabelecerem união estável.
Claro, esse desfecho depende de muitos outros fatores, como o contexto histórico-social, nível de escolaridade, profissão, entre outros, desses indivíduos. Mas, de modo geral, um casamento/união apresenta-se mais vantajoso para os homens do que para as mulheres no que diz respeito à saúde.
Historicamente, a mulher sempre ocupou o papel social da pessoa que cuida. Logo, ao mudar-se com o companheiro, é comum que passe a se preocupar não só com a sua saúde, mas com a dele também. Incentivando-o a ir ao médico, fazer consultas e exames de rotina e, se for parte do hábito alimentar desta mulher, também procurará oferecer alimentos considerados saudáveis, como frutas, verduras, legumes e cereais integrais.
Os hábitos alimentares dessas mulheres também podem ser alterados quando estas adotam os hábitos dos maridos. Apesar de transformações nos papéis de gênero, ainda é fato que mulheres se ocupam mais com as tarefas domésticas do que os homens, incluindo cozinhar. Dessa forma, como resultado da união, elas acabam fazendo mais concessões para agradar seus maridos, colocando as preferências deles à frente das suas (porque esse comportamento é naturalizado na sociedade patriarcal). E eu ousaria dizer que o contrário não acontece, mas eu não li isso em nenhum artigo científico, ainda, então não posso fazer essas extrapolações.
Eu já ouvi de muitas pacientes, por exemplo, que faziam fritura com frequência, pois seus companheiros não gostavam de nada assado ou grelhado. Ou que nem compravam mais saladas ou frutas, pois seus companheiros não comiam e estas acabavam estragando porque elas não davam conta de comerem sozinhas. Ou ainda, muitas que não costumavam consumir refrigerantes com frequência, mas isso mudou ao se "juntarem" ou casarem.
O intuito desse texto não é fazer você desistir de casar/juntar, mas sim refletir quais estratégias que um casal poderia firmar que fossem benéficas para os dois no que se refere à prevenção da saúde e não sobrecarregasse ou desfavorecesse somente um dos lados.
Referências:
Debbie Kemmer.Tradition Change in Domestic Roles and Food Preparation. Sociology Vol 34, N 2, pp 323-333. 2000
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